por Ela mesma

Da minha janela, eu vejo o começo do horizonte e o fim do mundo.

Meus olhos, o sótão da minha mente, vaza lagartas, borboletas e desejos.

Eu já vi feito criança, que de tudo acha graça. Pirulitos, bolas coloridas e areia da praia fazem parte do meu passado. Volta e meia aparecem como quem não quer nada e pululam na minha frente. Já vi feito adolescente,

irritação nos pêlos, superior aos próprios medos, rebaixado pela própria existência, sem paciência pra nada. Vi feito adulto também, desconfiado da própria sombra, cheio de responsabilidades e afazeres; a poesia que rima quando aparece nos deveres.

Em meu futuro talvez uma senhorinha simpática, quieta, qu
e já aprendeu e agora só observa.

Até lá, vou descobrir que o parapeito da minha janela é trampolim; que fechada é a alegria da surpresa, e quando aberta é a realização do sonho; que seus beirais são meu ponto de partida, aguardando o estourar da revoada.

É que da minha janela eu vejo o que eu quiser.