Crônica “Mina de fé”, em Vida a Sete Chaves
Dizem que sou otimista. Alguns até me acusam de boba, inocente. Já escutei que tenho alma de criança.
Mas o que eu tenho mesmo é fé. E acho engraçado que as outras pessoas não a tenham. Muitos a professam tão fortemente, clamam a um ser (independente do seu nome) e acreditam nele como a coisa mais certa do mundo. Porém, quando o olhar muda e se volta para a vida real, ao cotidiano, essa fé morre, se transforma em conformismo e toda a beleza se acaba.
Então eu penso que, das duas, uma: ou se tem fé em tudo, ou não se tem fé em nada.
E quando não se tem fé em nada, eu chamo de desespero.
Muitos dirão que não é bem assim, que não se pode gastar saliva a quem não quer ouvir, que não se joga pérolas aos porcos e eu digo que sim!, que um certo dia esse alguém ouvirá, que uma hora o porco fará para si um belo colar. E aí veremos que valeu esperar, que valeu tentar.
Porque o poeta está certo – porque todos os poetas estão sempre certos: tudo valerá a pena quando a alma não for pequena. E talvez seja isso, minha alma talvez seja enorme, como de um gigante, e aí tudo vale a pena, tudo faz sentido.
E então eu fico bem feliz por descobrir que minha fé é verdadeira. Mas imagino quão triste foi, para muita gente, descobrir que aquelo que chamava de fé, era, na verdade, apenas desespero.
** Publicado originalmente em Vida a Sete Chaves.
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