Crônica “Aqui se faz…” em Vida a Sete Chaves

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Devemos todos acreditar em destino.

Não por intermédio de uma crença, não porque algo maior está observando nossos passos, muito menos porque já existe um futuro traçado para cada um – aliás, diga-se de passagem, a fé em qualquer que seja o nome dado não está em questão no momento.

O caso é que o destino tem seu lado intencional: para muitas pessoas ainda há a chance de escolha, seja de uma profissão, seja de uma outra pessoa, até mesmo de um estilo de vida. Pretende-se sempre alcançar um objetivo, almeja-se sempre subir novos degraus; outros talvez as escolhas sejam menores, menos decisórias, mas toda e qualquer opção feita sempre terá um caminho a ser trilhado.

Porém, o destino tem seu lado de acaso, mas ele costuma ser visto com maus olhos e entendido como algo completamente fora do controle e das previsões – e, de fato, essa é uma característica viva do destino. Tem gente que até chama essas situações de brincadeira, de piada e até de pegadinha (o tom irônico das palavras talvez seja para aliviar a tensão vivida). Há, claro, momentos em que se é pego de surpresa pelo simples fato de ser algo, muitas vezes, indesejado.

O que muitos não percebem é que, na realidade, o sobrenome do destino é consequência. E consequência é aquela história: ela sempre vem, quer você queira, quer não. Difícil mesmo é entender o que é essa tal de consequência; pior ainda é enxergar o porque ela veio, o que foi responsável por ela e que talvez não tenha mais solução.

Uma doença, uma demissão, uma perda, uma decepção: haverá sempre um fator gerador, um estopim que iniciará uma série de fatos, de condições, de momentos decorrentes de uma ação, de uma palavra. Casa escolha tem seu caminho, cada caminho tem atalhos, tem obstáculos. Filosofias à parte, tudo depende de nós.

“Quer casar comigo?” e a consequência será o casamento. Até aqui, parece tudo lindo e perfeito, pois há intencionalidade, o crime é culposo, portanto, sem intenção. “Depois vou ao médico, essa dorzinha não deve ser nada”, e a consequência é que a dor aumenta, o problema se agrava e o remédio não faz mais efeito. “Oh, destino cruel!”. Então eu pergunto: destino??

A copa de uma árvore está sempre firmada por um tronco, caminho de seiva, e por uma raiz, nem sempre visível. O destino até pode ser cruel, mas só porque foi torturado antes…